Yaroamë
Organização Social
Indígenas protestando no monumento ao garimpeiro, Roraima. Foto: Tiago Orihuela.
As pesquisas com povos Yaroamë são escassas. As observações aqui identificadas foram levantadas com base em ISA (2019). Os Yaroamë são compostos de comunidades relativamente pequenas na porção leste da terra indígena Yanomami, em pequenas regiões na Serra do Pacu, Catrimani, Ajarani, Apiaú e Serra da Estrutura. São povos considerados resistentes ao contato com agentes externos e fechados. Inclusive, conforme o relatório desenvolvido pelo ISA (2019), o grupo que vive na Serra da Estrutura é isolado voluntariamente. Em seus outros apontamentos, e segundo Verdum (1995) e Early e Peters (1990), o relatório mostra que já houve tentativas de aproximação por parte de missionários católicos, entre os anos de 1962/1963 e evangélicos, em 1957, ambas mal sucedidas.
Ainda nas trilhas deixadas por ISA (2019), é possível observar que durante um período no passado a língua Yaroamë foi considerada como uma variante do idioma Ninam (ISA, 2019 apud Migliazza 1972).
Considerações Linguísticas
Indígenas. Foto: Adriano Machado / Reuters, 2020.
Yaroamë é o nome da etnia e também do idioma falando por esses povos indígenas. A Língua é considerada difícil por muitos falantes de outras línguas Yanomami devido a dois fatores linguísticos característicos: o Yaroamë tem itens léxicos que não são cognantes com nenhuma outra língua Yanomami e uma particularidade fonológica, onde esta presente a fricativa velar /x/ e a fricativa pós alveolar /ʃ/, como na palavra xama (anta), que pronunciada em Yaroamë, soa para os outros falantes das Línguas Yanomami como a palavra rama (visitante).
Outro fator a ser destacado é o bilinguismo presente em muitas das comunidades Yaroamë, algumas com o Ninam (Apiaú), outras com o Yanomam (Serra do Pacu), esta característica se apresenta mais marcante nesta Língua que nas outras Yanomami, o que pode ser uma ameaça para o Yaroamë, devida a quantidade de falantes e as peculiaridades da língua, que dificultam a alfabetização. É importante ressaltar que os dados históricos referentes a esta língua são poucos, diante da dificuldade de acesso a tribo e ao pouco tempo de estudo específico e documentação. Os Brancos foram responsáveis pela quase extinção destas comunidades Yaroamë e na sua busca por acesso a eles, que, ao contato com os indígenas, levaram epidemias que mataram muitos. Posterior à construção de uma estrada em suas terras, houve uma mudança na estrutura das tribos, onde os sobreviventes se uniram para fortalecer a comunidade e preservar sua cultura mantendo assim viva sua língua e sua identidade cultural.
Bibliografia Recomendada
CASTRO, L. M. Kami Yanomae Yamakini Yama Thë Ã Oni Pou nós yanomae pegamos a escrita: práticas de letramentos entre os Yanomae. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Roraima, Departamento de Antropologia e Museologia, Universidade Federal de Pernambuco, Mestrado Interinstitucional (MINTER), 2013. 156 f. Disponível em: <https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/15294> Acessado em: 24/02/2022.
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INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. As línguas Yanomami no Brasil: diversidade e vitalidade. São Paulo: ISA - Instituto Socioambiental; Boa Vista, RR: Hutukarana Associação Yanomami (HAY), 2019. Disponível em: <https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/publications/YAL00061.pdf> Acessado em: 24/02/2022.
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Imagem de capa:
MORAES, K. Têxteis artesanais amazônicos tecem Balay Artesanato de nativos americanos, Brasil. 1 Fotografia. 9300 x 6200 pixels. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/amazonian-handwork-textiles-weave-balay-craftsmanship-1328484929> Acessado em: 20/03/2022.
Data da última atualização: Março/2022