Eñepá

Organização Social

Foto: Allana Ferreira / ACNUR, 2021.

Foto: Allana Ferreira / ACNUR, 2020.

Os Eñepá (ou Enepá, E'ñepá, E'ñapa ou Panare) são uma etnia indígena venezuelana que vive em regiões localizadas no estado Bolívar e mais recentemente no Brasil, graças aos conflitos políticos e socioeconômicos que assolam sua nação.


Nessas regiões de savanas, florestas e rios, encontram nas atividades econômicas de caça, pesca e agricultura seu meio de sobrevivência. No passado constatou-se também que a maior parte do tempo era dedicada à produção de alimentos, seja através do plantio ou colheita (GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ, 2012).


Sua cultura também é marcada pela produção de miçangas, pulseiras e outros artesanatos provenientes de suas matas. Suas migrações, tal como a dos indígenas Warao, tem sido marcadas pelos impactos ambientais sofridos como consequência à expansão da exploração ambiental governamental, privada e conflitos com fazendeiros em suas terras. Ademais, as intervenções missionárias também foram responsáveis por um movimento de perda de questões culturais específicas, como aquelas provenientes de sua cosmologia (HENLEY, 1982).


Em Roraima passaram a viver em abrigos urbanos em um novo movimento migratório, ou seja, aquele em que cruza uma fronteira internacional em busca de sua sobrevivência, caracterizando-se pelo direito internacional como refúgio (JUBILUT, 2007). Aqui, passaram a dividir o espaço nos abrigos urbanos com outras etnias, como Warao e Pemon, onde desenvolvem atividade econômica com o artesanato: “(...) confecção de colares e pulseiras, talham grafismos e pintam as madeiras tratadas que dão origem a arcos e flechas decorativos (FFHI, 2020)”.

Considerações Linguísticas

Foto: João Paulo Machado / ACNUR, 2018.

A língua falada pelos Eñepá é o Panare, do tronco linguístico Caribe. O etnônimo Parane significa ‘amigo’ em Tupi (PAYNE, 1997) e por vezes também é a forma como são chamados os indígenas Eñepá.


Os povos Eñepá são multilíngues, falantes de seu próprio idioma bem como o espanhol e também português.


Possuem processos linguísticos flexionais, inflexionais e com elementos polissintáticos. Os estudos a respeito dessa língua encontram fundamentos em Derbyshire (1987), Campbell (2012), Gildea (2012) e Payne e Payne (2013).

Bibliografia Recomendada

BULIŃSKI, T. School and Social Development Among the E’ñepá Indians of the Venezuelan Amazon: An Anthropological Approach. Ethnologia Polona, p. 221-238, 2011. Disponível em: <https://journals.iaepan.pl/ethp/article/view/623> Acessado em: 27/02/2022.


CAMPBELL, L. “Typological characteristics of South American indigenous languages.” In: Lyle Campbell, Verónica Grondona (eds.), The Indigenous Languages of South America: A Comprehensive Guide, 259-330: Berlin: Walter de Gruyter, 2012.

_____. American Indian Languages: the Historical Linguistics of Native America. New York: Oxford University Press, 1997.


DAGETT, J.; WISE, M. R. Social consequences of literacy in representative ethnic groups of Peruvian Amazonia. Notes on Literacy, p. 1–14, 1992. Disponível em: <https://www.sil.org/resources/archives/5475> Acessado em: 27/02/2022.


DERBYSHIRE, D. C. “Morphosyntactic Areal Characteristics of Amazonian Languages.” In: International Journal of American Linguistics Vol. 53(3): 311-326, 1987. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/1265188> Acessado em: 27/02/2022.


FFHI: FEDERAÇÃO FRATERNIDADE HUMANITÁRIA INTERNACIONAL. E’ñepas, gente indígena: de uma montanha venezuelana a Roraima. 2020. Disponível em: <https://www.missoeshumanitarias.org/enepas-gente-indigena-de-uma-montanha-venezuelana-a-roraima/> Acessado em: 27/02/2022.


FREIRE, G.; TILLETT, A. Salud Indígena en Venezuela, Volumen 2. Caracas: Editorial Arte; 2007.


GILDEA, S. “Linguistic studies in the Cariban family.” In: Lyle Campbell, Verónica Grondona (eds.), The Indigenous Languages of South America: A Comprehensive Guide, 441-494: Berlin: Walter de Gruyter, 2012. Disponível em: <https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/9783110258035.441/html> Acessado em: 27/02/2022.


GONZÁLEZ-FERNÁNDEZ, A. J. Sistema alimentario de una comunidad indígena Panare del río Maniapure, Estado Bolívar, Venezuela. Centro de Investigación y Manejo de Fauna MANFAUNA, Guanare, 2012.


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_____. The Panare: Tradition and Change on the Amazonian Frontier. Yale University Press, New Haven and London, 1982.


JUBILUT, L. L. O Direito Internacional dos Refugiados e sua aplicação no ordenamento Jurídico Brasileiro. 1a Ed. São Paulo: Método, 2007.


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KAIRSKI, M.; BULIŃSKI, T.; STOIŃSKA-KAIRSKA, I. Élites aparentes. Sociedades de tipo simple en el mundo contemporáneo. Maestros y líderes de las organizaciones indígenas entre los E'ñepá y Matsigenka. Estudios Latinoamericanos, N. 27, p. 105-138, 2007. Disponível em: <https://www.estudioslatinoamericanos.pl/index.php/estudios/article/view/66> Acessado em: 27/02/2022.


MATTEI MULLER, M-C. Diccionario Ilustrado Panare-Español Español -Panare. Comisión V Centenario, Caracas, 1994.


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PAYNE, T. E.; PAYNE, D. L. A Typological Grammar of Panare: A Cariban Language of Venezuela. Koninklijke Brill NV, Leiden, The Netherlands, 2013. Disponível em: <https://brill.com/view/title/19955> Acessado em: 27/02/2022.


PEREIRA, D.; RODRÍGUEZ, V.; GASPARINI, S.; SIGNORILE, V. Estudio de morbilidad en pacientes E´ñepá, Jivi y no indígenas en región de Maniapure, Venezuela. Acta Cient Estud. p. 18-23, 2020. Disponivel em: <actacientificaestudiantil.com.ve/vol-13-num-1-2020-a3/> Acessado em: 27/02/2022.


Imagem de capa:


Beautiful Indigenous Headdress of Feathers. 1 Fotografia. 5184 x 3456 pixels. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/beautiful-indigenous-headdress-feathers-1406237087> Acessado em: 20/03/2022.

Data da última atualização: Março/2022